Artigos

Barreiras na obra missionária transcultural

Quando estudamos o texto de João 4.1-9, percebemos que o objetivo de Jesus nunca foi entrar em uma disputa religiosa. Assim, decidiu sair do saturado centro religioso judaico (Judeia) para alcançar os sedentos da verdade em Samaria (v.1-3).

Ainda hoje, muitos carecem da Água da vida. A missão da Igreja é procurar esses sedentos. Sair da comodidade para alcançar os perdidos.

Neste texto, Jesus preanunciou algumas barreiras que precisam ser rompidas na apresentação do evangelho a um outro povo.

Barreiras geográficas (v.4-6)

Os judeus evitavam atravessar a província de Samaria devido a inimizade que havia entre os dois povos. A rota normal para um judeu chegar a Galileia, era fazer uma volta pela região da Pereia. Mas, Jesus viu a necessidade de passar por Samaria, quebrando uma barreira geográfica, porque ali havia pecadores que precisavam conhecer a verdade (v.4).

Segundo algumas pesquisas, os locais geográficos de mais difícil acesso são os locais onde estão os povos mais necessitados de conhecerem o evangelho de Cristo. Alcançar esses lugares é uma obra desgastante (v.6).

No Brasil há mais de 300 tribos indígenas, sendo que aproximadamente 100 destas não tem nenhuma presença missionária evangélica. Essas tribos, em sua maioria, encontram-se em áreas de difícil acesso, longe de cidades modernas ou até mesmo de estradas, como na Floresta Amazônica ou no sertão nordestino.

Para levar o evangelho de Cristo àqueles que nunca ouviram do amor de Deus, a Igreja precisa sair da zona de conforto e romper as barreiras geográficas.

Barreiras sociais (v.7-8)

Jesus sentado ao lado do poço se encontra com uma mulher. Em sua humanidade, cansado e com sede, pede-lhe água para beber (v.7). Para um judeu da época, não era permitido conversar com uma mulher a sós, mesmo que publicamente. Se um homem de certa posição falasse com uma mulher em local onde pudessem serem vistos, isso era considerado um ato escandaloso. Algumas autoridades religiosas achavam que este gesto era motivo para divórcio imediato. Os mais extremistas eram da opinião que na rua o homem não podia conversar nem com a própria esposa. Até os próprios discípulos de Jesus desejaram censurar a atitude do Mestre ao conversar com aquela mulher (Jo 4.27).

Jesus foi alguém que dedicou atenção especial às mulheres, não fazendo nenhuma distinção social. Era sustentado por mulheres, aceitou-as em seu grupo de discípulos, ensinou verdades espirituais a elas, conversava pessoalmente com elas e deixava ser tocado por elas.

O evangelho de Cristo não faz qualquer distinção social. Todos podem ouvir e receber a mensagem de salvação. O evangelho precisa chegar aos povos em que, muitas vezes, há barreiras sociais.

Para levar o evangelho de Cristo àqueles que nunca ouviram do amor de Deus, a Igreja precisa sair da zona de conforto e romper as barreiras sociais.

Barreiras culturais (v.9)

Jesus ultrapassou também a barreira cultural que havia entre judeus e samaritanos ao conversar com aquela mulher (v.9). O preconceito racial era uma barreira cultural entre judeus e samaritanos. Os samaritanos eram uma mistura de judeus com pagãos (2Rs 17.24), oriunda da época do Cativeiro Assírio em 722 a.C. Até Jesus foi chamado de “samaritano” (Jo 8.48), um insulto que os judeus usaram contra Ele.

Além do judeu não se dar com o samaritano, ele nunca usaria o mesmo utensílio para beber água, como Jesus estava pedindo. Qualquer judeu se sentiria contaminado se comesse ou bebesse em Samaria, mas não Jesus. O amor a Deus e aos perdidos era maior que essas diferenças culturais.

Para conseguir a atenção dos perdidos, precisamos nos despir de qualquer barreira cultural (alimentação, vestimentas, modo de vida, etc.) que possa haver para que eles ouçam a verdade do evangelho. O conhecido missionário Hudson Taylor foi um dos primeiros a entender a importância disto. Ele insistiu em se vestir, comer e viver como os chineses para os quais foi chamado por Deus. Quando criou uma sociedade missionária, instituiu essa prática a todos os seus membros.

Somos atraídos por aqueles que parecem iguais a nós, e damos as costas aos que parecem diferentes e esquisitos. As pessoas precisam ser atraídas ao missionário antes de serem atraídas à mensagem dele.

Para levar o evangelho de Cristo àqueles que nunca ouviram do amor de Deus, a Igreja precisa sair da zona de conforto e romper as barreiras culturais.

Deixe um comentário