Artigos

As desculpas mais ouvidas para não ser um missionário

Dar desculpas começou com o primeiro pecado no Jardim do Éden e com certeza elas ainda não desapareceram. Quando se trata de ser um missionário, vamos ser honestos, é um grande sacrifício e não é para todos. Mas, em vez de buscar um genuíno caminho de obediência e deixar que Deus verdadeiramente dê a direção, todos nós já ouvimos os outros começarem a dar desculpas sobre por que não podem ir. Coxos! As possibilidades são as mesmas que nós usamos para dizer as mesmas coisas. Quando você começa a pensar seriamente sobre algumas delas, elas começam a perder sua força. Vamos olhar as oito que parecem mais comum.

1. “Mas, eu não me sinto chamado?”

Esta é uma das mais frequentes desculpas hoje em dia. A infame frase: “Deus não me chamou para o exterior!”. Como, então, respondemos a essa desculpa? Em primeiro lugar, se você fizer um estudo da palavra “chamado” você descobrirá que a maioria dos usos na Escritura refere-se ao chamado para vir a Cristo, para a salvação. De fato, o apóstolo Paulo igualou a sua salvação em Cristo com a sua responsabilidade de alcançar todas as nações. Ouça o que ele diz aos gálatas: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios…” (Gl 1.15-16). Paulo compreendeu que tinha uma obrigação geral de levar o evangelho a todas as nações simplesmente porque Deus estendeu a salvação para ele. Em segundo lugar, quando Paulo recebeu um “chamado” para um lugar específico de ministério, foi enquanto ele servia ativamente e jejuava (At 13.1-4). A maioria das pessoas que diz: “eu não sou chamado”, está usando isso como um escape e está longe de servir e jejuar a Deus para encontrar uma direção. Ah, e pela maneira que o último verso de Atos 12 fala sobre como Paulo tinha acabado de voltar da sua primeira viagem missionária! Aparentemente, Paulo achou melhor ser obediente aos propósitos de Deus neste mundo em vez de prender-se às especificidades. Portanto, da próxima vez que você pensar que não sente um chamado pergunte a si mesmo em quantas viagens missionárias você tem participado, o que está fazendo para o Senhor no momento e com que frequência você está jejuando sobre essa decisão?

Não me diga que você não tem nenhum chamado especial para ir à China. Com esses fatos diante de você e com a ordem do Senhor Jesus de ir e pregar o evangelho a toda criatura, você precisa, antes, verificar se você tem um chamado especial para permanecer em casa (J. Hudson Taylor).

2. “Mas, meus pais nunca me deixariam ir”

Vamos admitir, historicamente temos feito algumas más decisões. Todos fazem! Isto faz parte do crescimento! Tão verdadeiro quanto isso, é a verdade de que os pais tem visto cada uma das nossas escolhas ruins. Começando e terminando namoros com pessoas erradas, o descontentamento com carros e empregos, mudando mais de 2 ou 3 vezes e a lista continua. E agora, uma viagem missionária de verão no Sudão do Norte! Isto soa como outra má ideia para a mãe e o pai. Nós podemos culpa-los? Há realmente dois tipos de pais que dizem não aos seus filhos que vão a uma viagem missionária. Aqueles que estão falando sério e aqueles que não. Há alguns pais que dizem: “se você for nesta viagem missionária não se incomode voltando para casa novamente e planeje como pagar por seu carro e faculdade”. Neste caso eu aconselharia a esperar até que eles estejam um pouco mais acostumados com a ideia. Acate o conselho de seus pais enquanto você estiver sob a autoridade deles. Enquanto isso gaste o seu verão alcançando os internacionais na comunidade. Os outros pais dizem não mais como uma cortina de fumaça para ver se seu filho está falando sério ou se é apenas uma fase passageira. A diferença com esse tipo de pais é que eles são sistematicamente informados, veem seu filho assumindo responsabilidades referentes à viagem e um interesse cada vez maior, eles crescem na confiança de decisão do filho e acabam cedendo. A maioria dos pais encontra-se na última categoria. Na maioria das vezes não é verdadeiramente os pais a questão principal, mas o estudante escondendo-se atrás de uma situação que na verdade nem existe.

Obediência ao chamado de Cristo quase sempre custa tudo para duas pessoas – aquele que é chamado e aquele que ama o que é chamado (Oswald Chambers).

3. “Mas, eu não estou pronto espiritualmente para ir”

Quando eu estava na faculdade esta foi uma desculpa que experimentei. Eu fui desafiado a doar meu verão para alcançar os muçulmanos no Norte da África durante 8 semanas por um indivíduo que era um apaixonado por missões. Minha resposta a ele foi: “mas, eu não estou pronto para ir!”. Ele não hesitou em responder: “Ok, eu te darei 20 minutos… prepare-se. O quê?! Não! Espere! Eu acho que você não compreendeu o que eu quis dizer!”, eu pensei. Na realidade, ele me compreendeu perfeitamente. Muitas vezes, o que estamos esperando é tornar-se sem pecado, ter motivações totalmente puras ou amar as pessoas como Cristo fez! Se este é o caso, nós nunca estaremos “prontos”. Missionários são pessoas reais que têm problemas reais. Ninguém alcança certo estado espiritual e então torna-se qualificado. Na verdade, o processo funciona na ordem inversa. Assim que uma pessoa vai, tem uma visão real das nações e realiza essa incrível tarefa, verá sua intimidade com Cristo aumentar. Se o objetivo diante de nós é pequeno, a nossa dependência no Senhor será pequena. Por outro lado, se nossas aspirações são grandes, nossa confiança na suficiência de Deus será grande. K. P. Yohannan, diretor do Gospel for Asia [Evangelho para Ásia], diz que se alguém é um cristão há mais de 8 semanas, ele está qualificado.

Todos os recursos da Trindade estão à nossa disposição (Jonathan Goforth).

4. “Mas, e quanto a minha dívida?”

Para cada US$ 1, o americano gasta US$ 1,10. Isto não é bom. Com estandes de cartão de crédito nas universidades e o preço das mensalidades crescendo, a dívida é um mal espreitando o universitário. Esse é um problema real! Muitos estudantes após a formatura já estão encarando uma dívida de US$ 10.000. Muitos outros estudantes desejam que suas dívidas fossem tão pequenas quanto US$ 10.000! Como os universitários cristãos lidam com o assunto de missões será seriamente afetado por suas dívidas. Alguns usarão as suas dívidas como uma desculpa automática para nunca ir ao exterior, alguns adiarão o seu envolvimento ao máximo. Portanto, você deve gastar ainda mais dinheiro para fazer uma viagem missionária de curto prazo neste verão ou focar em sair da dívida? A reação inicial a esta pergunta é, frequentemente, um enfático “não!” à viagem missionária, mas há algumas opções. Em primeiro lugar, muitos estudantes não estão motivados a sair da dívida e, portanto, implicando em assumir ainda mais. Talvez o que o motivaria a ir ao exterior fosse uma viagem de curto prazo. Muitas vezes um pequeno vislumbre da pobreza do mundo curará qualquer letargia sobre sair da dívida e qualquer descuido sobre o padrão de vida. Outra opção é levantar não só o dinheiro necessário para a viagem, mas também uma quantia extra de dinheiro para cobrir as despesas da viagem. Por exemplo, se uma viagem custa US$ 2.500 e dura um mês, por que não levantar um valor extra de US$ 800 a US$ 1.000 para compensar o valor que poderia ter ganhado se tivesse ficado em casa e trabalhado? Se as contas do carro ou da casa são o problema, o mesmo se aplica. Uma viagem de curto prazo é um grande motivador para livrar-se da dívida!

Duas marcas distintivas da igreja primitiva foram: 1) Pobreza 2) Poder (T.J. Bach).

5. “Mas, eu não tenho esse tipo de dinheiro?”

Não são muitos estudantes que tem US$ 3.000 guardados em suas economias esperando para serem gastos no momento que surge uma viagem missionária. Então, você acha que não pode ir ao exterior porque não tem nenhum dinheiro? Primeiro, você precisa entender que uma viagem missionária é total e completamente de graça. Você provavelmente está pensando: “Espera um pouco. Eu pensei que você disse que era uma viagem de US$ 3.000!”. Pois é, mas você precisa entender o conceito bíblico de levantar sustento. Em Mateus 10.9-10 Jesus disse sobre como o trabalhador é digno do seu salário e o apóstolo Paulo fez eco a isso quando falou sobre o privilégio que teve de levantar sustento em 1Coríntios 9.1-18. Assim, a viagem é de graça para você porque Deus estabeleceu uma economia onde Seu Corpo apoia aqueles que vão. Pode ser um conceito difícil no começo, mas é realmente muito simples. Tudo o que você precisa fazer é uma lista de pessoas que conhece, enviá-las uma carta de explicação, seguido de um telefonema e às vezes um encontro pessoal para explicar melhor as necessidades financeiras. Há apenas dois tipos de estudantes que se recusam a fazer isso: os ignorantes e os arrogantes. Os ignorantes desconhecem o fato de que a Bíblia fala de apoio e que Deus colocou pessoas em sua vida que estão prontas para dar. Os arrogantes são tão orgulhosos para fazer uma ligação telefônica a qualquer pessoa e “pedir” por dinheiro. É baixo demais para eles mostrar qualquer sinal de necessidade. Na verdade, não é implorar por dinheiro, é o modelo bíblico criado pelo próprio Deus, e modelado por Jesus: “e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens” (Lc 8.3).

A obra de Deus, feita da maneira de Deus, nunca terá falta dos recursos de Deus (J. Hudson Taylor).

6. “Mas, e quanto às necessidades aqui?”

Esta é outra desculpa muito comum. Eu frequentemente respondo isso com o exemplo da triagem. É um termo médico que significa que aqueles que têm os piores machucados tem prioridade sobre os outros machucados. Portanto, se alguém chega à sala de emergência com uma perna cortada, terá prioridade sobre a pessoa que está esperando com uma torção no tornozelo. Por que isso? Por acaso os médicos amam mais a pessoa com a perna cortada do que a com o tornozelo torcido? É claro que não. Sua necessidade é mais urgente e, portanto, tem prioridade. E se aproveitássemos isso para missões, uma triagem missionária? Sua aplicação seria simples: aqueles com maior necessidade, menos alcançados, sem uma igreja teriam prioridade sobre aquelas culturas com igrejas estabelecidas. Keith Green, um zeloso músico que se alistou para missões disse: “Uma vez que os Estados Unidos tem apenas 5% da população mundial, então só cerca de 5% dos crentes seriam realmente chamados a permanecer neste país como uma testemunha (isto é cerca de 1 em 20), enquanto o restante de nós deveria ir as partes do mundo onde há quase 0% de crentes”. Infelizmente, este não é o caso. Pelo contrário, 95% dos crentes permanecerão nos Estados Unidos. Há necessidades nos Estados Unidos? Sem dúvida alguma. É impossível andar em um campus universitário na América sem ver a necessidade de mais obreiros cristãos. Mas, há algo para se lembrar, sempre haverá uma necessidade na América. Necessidades estão em todos os lugares. Talvez seja a hora de parar de concentrar-se nas necessidades e concentrar-se na maior necessidade – aqueles que não têm acesso ao evangelho.

Um pequeno grupo de crentes que têm o evangelho permanece citando-o repetidamente. Enquanto isso, milhões de pessoas são lançadas no fogo eterno do inferno sem nunca ouvirem sobre a história da salvação (K.P. Yohannan).

7. “Mas, o campo missionário não é um lugar perigoso?”

Os israelitas foram confrontados com uma escolha interessante depois de deixar a escravidão no Egito. Quando chegaram perto da terra que Deus tinha dito que possuiriam, começaram a contabilizar o custo da obediência. A terra era habitada por homens ferozes e gigantes. Eles se viram questionando a ordem de Deus, Sua promessa e Sua libertação do Egito. De repente, desobedecer a Deus e voltar à escravidão parecia mais atraente frente ao perigo e da morte certa que os esperava. Eis aqui sua reação: “E por que nos traz o Senhor a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos para o Egito?” (Nm 14.3). Keith Green explica: “Tudo é uma questão de nossas prioridades – olhamos para o temporário ou o eterno ao fazer as nossas escolhas? É verdade que você, provavelmente, estará em maior perigo físico no campo missionário do que nos subúrbios da América, mas esta é a parte do custo que nós precisamos contabilizar quando vamos servir ao Senhor. A pergunta não deveria ser: ‘Eu estarei seguro aonde for?’, mas sim, ‘O que está no coração do Senhor para eu fazer?’. Se Jesus decidisse seguir o caminho com menos dor, Ele nunca teria ido à cruz. Não há lugar mais abençoado do que você estar no centro da vontade de Deus. Você deve parar de contabilizar o custo, mas lembrar-se de uma coisa: o privilégio de servir a Deus sempre supera o preço”. Esta questão tende a crescer com o aumento de guerras, ameaças de guerras, sequestros e terrorismo. A medida de um homem é aquilo que o leva a parar. O que será necessário para impedi-lo? Volte para a Palavra e olhe para aqueles que vieram antes e fizeram de suas vidas um sacrifício vivo. Não há nenhuma promessa de segurança e os perigos são reais, mas a Sua graça é suficiente para nós.

Alguns desejam viver no som de um sino da capela, eu quero executar uma missão de resgate no quintal do inferno (C.T. Studd).

8. “Mas, eu não estou pronto para esse tipo de sacrifício”

Esta é a raiz de todas as desculpas – abster-se de uma vida sacrificial. Para algumas pessoas, quando elas chegam a Cristo, apenas cristianizam as coisas que faziam antes. Sua lógica é algo como: “eu era um professor, então agora eu acho que sou um professor cristão. Eu era um engenheiro, então agora eu acho que sou um engenheiro cristão”. É fácil apenas adicionar Cristo aos nossos planos preexistentes. Se esta é a sua desculpa você deve ter caído nesta armadilha. Portanto, a mentalidade acaba se tornando “por que eu iria ao campo missionário, que é um sério sacrifício!”.

Em 2Coríntios 5.17 lemos: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. Observe a chave da frase, “as coisas antigas já passaram”. Isso significa que tudo o que desejamos e vivemos sob o nosso senhorio acabou. Jesus torna-se Senhor para nos guiar em Sua agenda, não apenas para nos oferecer conselho sobre a nossa agenda. Isto é o mínimo, o nível de entrada do compromisso não é de uma elite, um compromisso superespiritual que poucos alcançam. Jesus nos desafia a considerar o custo de segui-Lo antes da salvação, não depois.

Lucas 14.28-33 diz: “Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz. Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”.

Erwin McManus, em seu livro An Unstoppable Force [Uma Força em Movimento], discute a sua experiência no crescimento como novo cristão. Depois de sua decisão em seguir a Cristo e ser salvo, ele foi confrontado com outro chamado ao altar, um chamado ao senhorio. Algumas semanas depois, houve outro chamado ao altar, um chamado ao ministério. Depois disso, mais dois chamados – um chamado ao ministério em casa e um chamado ao ministério estrangeiro. Ele explica: “Então, agora eu descobri cinco níveis do chamado de Deus – um chamado para ser salvo, um chamado para Jesus ser Senhor, um chamado para o ministério, um chamado para as missões nacionais, e um chamado para as missões internacionais… Porque há vários níveis de chamado cristão em nossa comunidade cristã contemporânea? Onde eles são encontrados no texto bíblico? Tenho uma estranha suspeita de que as nuances desses “chamados” tem menos a ver com teologia e mais com a condição da igreja. Paulo parecia acreditar que havia apenas um chamado. Ele escreve a Timóteo: “Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça…” (2Timóteo 1.8-9). As Escrituras parecem simplificar o processo de chamado. O único chamado é colocar sua vida aos pés de Jesus e fazer o que Ele pedir”.

Se Jesus Cristo é Deus e morreu por mim, então nenhum sacrifício pode ser grande demais para eu fazer por Ele (C.T. Studd).

Artigo original. Traduzido por Thiago Santana Ishy.

Deixe um comentário